Segundo a tradição védica, os Vedas são manifestações
diretas da infalível Suprema Personalidade de Deus. Eles entregam um
conhecimento absoluto e supremamente autorizado, pois se originam do próprio
Supremo. Portanto os sábios conhecedores dos Vedas o consideram uma evidencia
irrefutável.
Embora o conhecimento védico seja considerado
eterno como o cosmo material que está em constante fluxo, passando através da
criação, manutenção e aniquilação no início de cada criação universal os
ensinamentos védicos são novamente revelados.
Foi no alvorecer desta criação que Sri Krishna
transmitiu o conhecimento védico ao Senhor Brahma, a primeira criatura do
Universo, ou seja, os ensinamentos dos Vedas são o conhecimento original.
O Senhor Brahma, por sua vez, transmitiu o
conhecimento védico a Sri Narada, e este a seus discípulos, e assim
sucessivamente até os dias atuais, foi transmitido numa corrente de sucessão
discipular, de mestre a discípulo, preservando a mensagem original.
Literalmente a palavra Veda significa conhecimento, e
denota conhecimento divino, sendo a fonte original e pura de todo tipo de
conhecimento ou saber. A antiga civilização védica floresceu a milhares de anos
na Índia, que era a capital do planeta, o conhecimento védico foi preservado
intato nesta região da Terra através da transmissão oral e mais tarde no
registro escrito, numa compilação literária muito rica e extensa feita pelo
sábio Vyasadeva (encarnação literária de Krishna).
Durante muito tempo, a literatura védica, foi
entendida como algo obscuro e pouco acessível para os ocidentais. Isso é
compreensível, tendo em vista as diferenças culturais tão marcantes entre as
duas culturas. Na verdade os próprios indianos sempre recearam que sua cultura
e filosofia nunca pudessem ser compreendidas fora de seus limites.
Embora alguns estudiosos do Ocidente tenham se
aventurado a traduzir e interpretar algumas destas escrituras, o resultado não
foi muito benéfico na hora de esclarecer o verdadeiro espírito de sua mensagem.
Muitas especulações surgiram na apresentação, escurecendo seu
caráter e pureza original.
Isto aconteceu porque a forma de transmissão do
conhecimento védico é descendente, ou seja, que vêm de
"cima" através da sucessão discipular. O conhecimento védico é
chamado sruti, isto quer dizer que é transmitido através da recepção auditiva,
de mestre a discípulo.
Os vedas ensinam, que para compreender o conhecimento
védico é preciso ouvi-lo de uma autoridade já que é um conhecimento que
está além deste universo material. Ele vem do mundo espiritual, portanto é de
natureza transcendental, não é uma compilação de conhecimento
humano. Assim, as escrituras védicas delineiam sua própria origem. Elas se
descrevem como apauruseya, o que significa que não vêm de alguma pessoa
materialmente condicionada, mas procedem do Supremo (uma fonte transcendental à
dualidade mundana).
É muito difícil adquirir conhecimento completo devido
a fragilidade de estar sempre propensos aos quatro tipos de defeitos da alma
condicionada: cometer erros, cair em ilusão, ter sentidos imperfeitos
e propensão a enganar. Compreendendo conclui-se que a busca de
conhecimento pela experiência direta está sujeita a muitas deficiências. Um exemplo
que prova que os sentidos são imperfeitos é o sol. Diariamente ele parece um
pequeno disco, mas, na realidade, é maior, bem maior que muitos planetas.
Srila Bhaktisiddhanta Sarasvati Thakur: importante difusor do conhecimento védico |
Assim é o conhecimento indutivo, a hipótese:
"Pode ser assim, pode ser assado" não é ciência. É uma sugestão e
também não é perfeita. Mas receber o conhecimento das fontes autorizadas
garante a perfeição.
Se você quer saber quem é seu pai e aceita à autoridade de sua mãe,
então tudo que ela disser pode ser aceito sem discussão. Os Vedas são
comparados à mãe, portanto é necessário ter auxílio dos Vedas caso queira
conhecer alguma coisa além de sua experiência limitada.
Seu propósito e compreensão
Como sua
finalidade principal, a literatura védica transmite conhecimento sobre
auto-realização e sobre como liberar-se (moksa)
do sofrimento. Em geral, os estudiosos concordam que a meta do pensamento
védico é atingir a Verdade, "cujo reconhecimento leva à liberdade".
Todo sistema védico busca a Verdade, não a acadêmica conhecido como
"conhecimento para seu próprio bem” e sim para aprender a Verdade que
tornará todos os homens livres. Com efeito, o pensamento védico luta não para
informação, mas para transformação.
O Bhagavad-gita descreve o conhecimento
como sendo "aceitar a importância da auto-realização, e buscar
filosoficamente a Verdade Absoluta". No entanto, se as pessoas acham que
estão progredindo no caminho da felicidade material, não procurarão se
transformar. Daí, outra percepção importante: janma-mrtyu-jara-vyadhi-duhkha-dosanudarsanam: compreender os
malefícios do nascimento, da morte, da velhice e da doença.
Sri Isopanisad, importante sastra |
A literatura
védica declara que, a despeito da aparente alegria, vida material significa
sofrimento porque inevitavelmente as forças do tempo e da morte obrigam todos a
abandonar sua posição atual. O conhecimento védico visa liberar deste
sofrimento o questionador sincero. A finalidade da vida não é resignar-se do
mundo temporário e miserável, mas, esforçar-se para obter felicidade
permanente. Para aqueles que seguem a fórmula védica, a vida significa uma
oportunidade para conseguir vitória sobre a morte.
Ao contrário da
visão pessimista ou fatalista que alguns ocidentais atribuem a filosofia
védica( como sendo "uma negação do mundo e da vida"), nos sastras
(escrituras sagradas) aparece que a vida rejeitada é aquela que identifica o
corpo ilusório como sendo o eu, e considera que o mundo temporário é tudo o que
existe. Tal pessoa perde a oportunidade proporcionada ao ser humano - a
oportunidade de indagar a respeito do Supremo.
O Bhagavad-gita é considerado a essência
de todo o conhecimento védico e nele, o próprio Sri Krishna declara: "O objetivo real de toda a pesquisa
védica é encontrar a Mim. Na verdade, sou o compilador dos Vedas e sou aquele
que conhece os Vedas". Portanto os Vedas
dão a direção correta para organizar a vida e voltar ao lar, voltar ao
Supremo, esta é considerada a liberação última.
Compreendendo a
literatura védica, entende-se a relação com a Suprema Personalidade de
Deus. E executando os diferentes processos aproxima-se dEle, e no final a
meta suprema é alcançada, que é a própria Suprema Personalidade de
Deus. Nisto consiste o propósito dos Vedas, a compreensão dos Vedas
e a meta final dos Vedas.
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